Hoje vou-vos contar a minha paranóia com relógios. Pois é.... tenho uma enorme paranóia com estes auxiliares. E tem tudo a ver com o tempo.
O meu grande problema é o tempo. Ou não ter tempo. Espero tornar-me compreensivel.
Toda a minha vida planeei coisas. Planeava os estudos, as horas de brincadeira... tudo muito racional. Até se gostava ou não de alguém... se tinha tempo para isso.
Porque o meu grande medo... o medo da minha vida... é não ter tempo. Não ter tempo de ver e fazer tudo o que quero, de dizer tudo o que devo dizer, de perder tempo com coisas estúpidas em vez de aproveitá-lo com coisas importantes.
E este medo sempre reinou na minha vida desde pequena e, como tal, sempre me rodeei de relógios. Primeiro com aqueles engraçados para criança, depois mais selectiva e não resisto a um Swatch. Adoro as suas cores, a sua irreverência, até os bonecos. Já tenho uma boa colecção e ando sempre com um atrás, a escutar o seu tic tac (tic tac esse que me embala à noite para dormir). Depois mais o relógio do telemóvel, sempre actualizado, que anda sempre atrás porque é um instrumento sem o qual já não passamos. Tenho ainda mais um relógio despertador no quarto com luz bem forte para se ver bem durante a noite.
E podemos continuar pela viagem pela casa. Um relógio na cozinha, um relógio na sala. Todos certos e todos a fazer tic tac para me lembrarem do tempo que gasto em cada divisão.
O meu medo? Não tenho medo de morrer. Tenho medo de morrer e não ter feito tudo o que tinha para fazer. Ainda há tanta coisa que quero fazer e o tempo parece que se está a escapar por entre os dedos. Esse é o meu medo. O meu medo real.
Já perdi pessoas a quem não tive tempo de dizer que as amava. Tempo que gastei com coisas que não valiam a pena. E se continua a acontecer?
A morte sempre foi um pensamento constante em mim. Mas desde que descobri que tinha lúpus ficou mais forte. Encaro cada dia como uma luta diária. Uma luta contra o tempo.
Eu sei que posso viver muitos anos... mas mesmo esses anos, tenho medo que não cheguem para tudo aquilo que quero fazer e ver.
Conhecem o livro "A Lua de Joana"? Foi um livro que me marcou muito. A dada altura a Joana faz uma tatuagem no braço em forma de relógio. Quem sabe também numa tentativa de segurar o tempo e impedir que fuja?
Um dos desenhos que constantemente faço enquanto estou numa reunião é o desenho de um relógio. Aqueles relógios antigos, altos, que fazem um barulho estrondoso quando dão as horas. E um dos meus quadros preferidos é a persistência da memória. Aquele quadro do Dali em que relógios se escapam pelas pedras, como que a dizer que o tempo está a fugir. Pelo menos é isso que eu entendo.
Espero ter sido clara na minha explicação. Só uma mania que vos faz conhecer mais sobre mim.
Beijos para todos e bom fim de semana (aleluia que bem mereço).
Deixo-vos com o quadro que me fascina!
. Férias
. Olá
. Snow
. Na mesma.... como a lesma...
. Novo Ano
. Esticar as asas por: